12 de agosto de 2016

Babel



Olho para o céu e vejo algo apontar
Uma nuvem negra que acaba de chegar
Repleta de tristezas, guerras, poluição,
É a mão do homem espalhando destruição

Olho para a terra e vejo a lágrima escorrer
Mais uma criança com fome acaba de morrer
Notícias tristes são como flores mortas
Todos enxergam bem, mas ninguém se importa...

Enquanto você progride com mentiras e corrupção
Nossos filhos assistem a própria escravidão
Iguais a você o inferno já esta cheio
Um mundo belo e incrível você rachou ao meio

Sua existência tende a terminar
Com olhos cegos você insiste em caminhar
Seu dinheiro de nada adiantará
Pois no final das contas só seu pó é o que vai restar

Onde esta seu amor
Eu te imploro, por favor,
Seja mesmo como for
É sua chance de salvar mais uma flor



Assombração



Sou um fantasma
Sou ilusão
Uma aparição
Perdida na escuridão
Não tenho brilho
Não tenho caminho
Sou apenas um flash
Sem alma
Caído nas sombras
Tenho meus mistérios
Tantos quantos que até eu mesmo desconheço
E vivo pensando
Olhando, vigiando
Por frestas ocultas
Letras no chão
Não formam palavras
Estão bagunçadas
Chutadas a esmo
Caindo de livros
Com páginas encantadas
Não sou o discernimento
Em meio aos contratempos
Tento ler em vão
Montar frases
Desmontar as bases desta minha invenção
Inventor de vida
De ilusões perdidas
Como agulhas alfinetadas em meu coração
E meu cérebro pensa
E repensa atos sem me dar a direção
E que sensação posso sentir
Enquanto me sinto uma assombração
Rastejando com a cara no concreto
Lutando para não morar
Definitivamente neste porão...


Áspera



Ah... triste sina
Porque afagas meu peito
Com sua melancolia
Me guardas do deleite
De ouvir em suas tristes rimas
Estrofes de amor
Dos versos que aos poucos expira...

Ah... Sorrateiro e incrédulo
Antro de impropriedades
Deixastes meu ser
Para ser um vasto ser
Ao longo de suas liberdades

Que pranto ácido é este
Que derramo sobre meu rosto
Sinto até o gosto
Amargo de viver
Talvez morrer fosse uma solução
Mas morrer é viver a ilusão
Que a morte não trás sequer
uma conformação

Tantos cálices de bebida
Já devorei
Me embriagaram de vez
Sinto-me sem lucidez
Para ao menos falar
Não quero perder-te
Mais uma vez...